Casei-me jovem, cheia de amor e esperança, mas sem conversar muito sobre o que significava a realidade do casamento. Eu era uma pessoa independente, auto-suficiente, para tomar minhas próprias decisões. Aos 24 anos, todos partiam do principio de que eu era capaz e fazer minhas próprias escolhas de forma autônoma.
É claro que o mundo nem sempre foi assim. Se eu houvesse nascido durante qualquer outro século do patriarcado ocidental, teria sido considerada propriedade do meu pai, até que ele me entregasse ao meu marido para que eu me tornasse propriedade sua pelo casamento.
Eu teria tido muito pouca coisa a dizer sobre as grandes questões da minha vida. Em outro período da história, caso um homem houvesse se interessado por mim, meu pai poderia ter se sentado com esse homem e desfiado uma longa lista de perguntas para verificar se aquela seria uma união adequada. Ele teria perguntado:
- Como você vai sustentar a minha filha ?
- Qual a sua reputação nesta comunidade?
- Quais são as suas dívidas e bens?
- Quais são os pontos fortes do seu caráter?
Meu pai não teria simplesmente deixado eu me casar com qualquer um pelo simples fato de eu estar apaixonada pelo sujeito.
Na vida moderna, porém, quando tomei a decisão de me casar, meu moderno pai não se intrometeu em nada.
Notem que tenho até saudade do patriarcado, quando o sistema do patriarcado foi desmantelado ele não foi substituído por outra forma de proteção.
O que eu quero dizer é que nunca me passou pela cabeça fazer a um pretendente as mesmas perguntas difíceis que meu pai poderia ter-lhe feito, em uma época diferente.
Gloria Steinem disse certa vez que as mulheres deveriam se transformar nos homens com quem eles gostariam de casar.
Se eu quiser realmente me tornar uma mulher autônoma, então preciso assumir esse papel de ser minha própria protetora.
segunda-feira, 2 de julho de 2007
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